quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO ONZE

(...)
- A única coisa que peço é para morrer. É a única coisa que peço.
- Não fala assim. Pensa na tristeza de tua mãe...e teus amigos, e eu.
- Você não dá a menor importãncia...
- Como não? Puxa, que sujeito...
- Estou muito cansado, Valentín. Estou cansado de sofrer. Você não sabe, me dói tudo por dentro.
- Aonde te dói?
- Dentro do peito, e na garganta... Por que será que a tristeza se sente sempre aí?
- É verdade.
- E agora você... me cortou vontade de chorar. Não posso continuar chorando. E é pior, o nó na garganta, está me apertando, é algo horrível.
- ...
- ...
- É verdade molina, aí é onde sesente mais a tristeza.
- ...
- Você sente muito forte... te aperta com muita força, esse nó?
- É.
- ...
- ...
- É aqui que dói?
- É...
- Posso te acariciar?
- Pode...
- Aqui?
- É...
- Te faz bem?
- Sim... me faz bem.
- A mim também me faz bem.
- É mesmo?
- Faz... que descanso...
- Porque descanso, Valentín?
- Porque... não sei...
-Por que?
- Deve ser porque não penso em mim...
- Você me faz muito bem...
- Deve ser porque penso que você precisa de mim, e posso fazer alguma coisa por ti.
- Valentín... você procura uma explicação para tudo... que loucura
- Será porque não gosto que as coisas me atropelem... quero saber por que acontecem as coisas.
- Valentín... posso te tocar?
- Pode...
- Quero tocar... esse sinal....meio cheinho que você tem em cima da sobrancelha.
- ...
- E posso te tocar assim?
- ...
- E assim?
- ...
- Não te dá nojo que eu te acaricie?
- Não...
(...)


PUIG, Manuel. O beijo da mulher aranha.



- Quase sempre procuro explicações para tudo, assim como Valentín. Devo admitir que procurei explicações exageradas em algo que era simples. Fiquei desesperada, ainda estou trabalhando o psicológico para entender que tive uma atitute um pouco besta. Sinto vergonha, e aquele desespero que mencionei duas linhas acima, ainda me bate, em menor intensidade, mas não consigo controlar muito quando a intensidade aumenta demais.
Me desculpe. Sinto não lhe dizer isso pessoalmente, me falta coragem. Típico de minha parte, fugir sempre que a coisa aperta.
A fase de mudança está fluindo inicialmente, acredito que não me levará a sério, mas quando procuro palavras para me expressar, o anjo malvado diz: Ele que se foda!...e o anjo bom diz: Ele vai te achar imatura, e te tratar de uma maneira indiferente (prefiro que me ache uma retardada mental, porque me tratar com indiferença me faz chorar).
Se não aceito falar com você, não quero pensar maldades, nãoquero pegar raiva de você, afinal, você nada teria feito para mim.



- Sinto falta.....Sinto sim.....muita